Moçambique

Tofinho - Inhambane

Moçambique 

Um dos países mais bonitos que visitei e apesar de ter um litoral extenso de aproximadamente 2.500 kms, banhado pelo Oceano Índico e com uma infinidade de points de surf, Moçambique ainda não figura na lista dos destinos mais procurados para uma surf trip. Isso porque durante décadas a ex-colônia portuguesa se envolveu em conflitos armados. Depois de anos de guerra colonial, que culminou com expulsão dos "tugas" em 1974, houve um curto período de aparente tranquilidade mas o país voltou a sofrer com uma cruel e sangrenta guerra civil que se estendeu até meados de 1994, que praticamente destruiu a infra-estrutura trazendo além da pobreza extrema, fome e doenças. Depois de anos de  muito sofrimento, atualmente muita coisa mudou! e para melhor.

O governo esta estável, a economia e o turismo estão começando a se desenvolver e com isso um maior número de surfistas começou a se aventurar pela costa Moçambicana. Mas não se iluda, é África! O continente dos extremos, onde a paz e segurança parecem estar por um fio, dando a impressão de que a qualquer momento tudo pode mudar.

Mapa de Moçambique

Pomene

Tofinho - Inhambane

Cidade de Maputo

Inhambane 

Ainda há muito o que explorar. Muitas ondas perfeitas continuam a quebrar solitárias à espera dos mais aventureiros, em áreas consideradas de alto risco onde ainda há muitas minas enterradas, alto índice de casos de malária e como se isso não bastasse, há ainda a grande possibilidade de se virar "almoço" da ativa fauna Africana, tanto na terra como no mar. 

Devido à todas essas dificuldades e das péssimas condições da maioria dos acessos, as áreas mais "seguras" frequentadas pela maioria dos surfistas que visitam o país, são a Ponta do Ouro (extremo sul) e a região da Província de Inhambane (centro do país).

Vista da cidade de Maputo, desde o Catembe, a caminho da Ponta do Ouro

Reserva natural de Maputo

A Ponta do Ouro é considerada uma das melhores ondas da África Oriental. Um point break clássico com direitas longas, perfeitas e água com aquela cor azul do oceano índico.

Para chegar a esse paraíso, desde a capital Maputo, é preciso seguir em direção ao sul em uma estrada de terra, com vários km de puro areião, exigindo uma boa experiência do condutor. Tração ligada, fé em Deus e pé no acelerador. São cerca de 130 km de pura adrenalina, por sua conta e risco já que não há a mínima assistência médica, mecânica ou postos de gasolina. Para apimentar ainda mais, você percorre cerca de 80 km dentro da Reserva Natural de Maputo, onde residem cerca de 2.000 elefantes, soltinhos e livres para cruzar seu caminho a qualquer momento.

Mas vale a pena! Na Ponta do Ouro e nas praias próximas, há ótimos lodges (pousadas), a maioria de sul-africanos e ondas perfeitas em praias lindíssimas, além de que essa área apresenta condições ideais para a prática do mergulho e snorkel, concentrando uma infinidade de recifes externos e uma rica fauna marítima.
Ponta do Ouro - Temporada de ondas
As ondas quebram durante o ano inteiro. Mas as grandes ondulações de Sul entram com maior frequência no decorrer dos meses de inverno, maio a final de agosto. 
As ondas podem variar de 2 a 15 pés com formação de point break. São direitas longas , alternando seções mais cheias ou tubulares, podendo quebrar por cerca de até  300 metros de extensão nos dias de ondulação bem alinhada.
Vento terral : W/NW.
Não há localismo, mas a Ponta do Ouro é muito frequentada por bons sufistas sul-africanos e portugueses. Muito bom também para Kite Surf

Ponta do Ouro - 2008

Ponta do Ouro

Alberto Burguete - Ponta do Ouro 2009

Alberto Burguete nas direitas da Ponta do Ouro

Já Inhambane, está localizada ao norte de Maputo, cerca de 800 km percorridos através da Rodovia Nacional 1 que apresenta melhores condições, sendo toda ela asfaltada.

Mas mesmo assim é bom ter cuidado e não relaxar. A estrada é de mão única, tem vários pontos com sinalização precária e é muito frequentada por motoristas embriagados e por pedestres desatentos. Os acidentes são constantes e a falta de atendimento e resgate imediato agrava muito a situação. Por isso é bom viajar de dia, se possível em comboio. ter um bom seguro e como todas as distâncias em África são medidas em horas e não em km, é bom ter muita paciência, atenção redobrada e seguir sem pressa.

Mas toda essa dificuldade é recompensada ao se chegar a Inhambane. Um verdadeiro paraíso com points de surf alucinantes, muitas praias desertas, alguns surfistas de várias partes do mundo, bons locais para se hospedar e apreciar a culinária local, que é a base de frutos do mar. Nessa área a grande atração é um point break chamado Tofinho onde quebram direitas dos sonhos, considerada uma das ondas mais perfeitas da África. O Tofinho é bem constante e começa a dar condição de surf com ondas acima de 3 pés. Os melhores swells são os do quadrante sul gerados na costa sul africana, quando as ondas ficam mais longas podendo passar fácil dos 3 metros de altura (8 pés). Vento terral: n/nw/o

Há outros bons picos de ondas na Província de Inhambane. Os mais conhecidos são, a praia do Tofo, Baía dos Cocos, Ponta Závora, Praia da Barra,Pomene e Jangano Bay, todas com boas opções de hospedagem. Em pleno século 21 não se tem noção do verdadeiro potencial para o surf no litoral Moçambicano o que motiva ainda mais a fazer um surf safari nessa região.

Província de Inhambane

Praia do Tofo - Inhambane

Inhambane

Ilha de Inhaca - culinária portuguesa

Tofinho - Inhambane 

Nota do autor 
Morei em Moçambique de 2007 a 2010. Como disse anteriormente, esse foi um dos países mais bonitos que eu tive o prazer de conhecer. Estive por 5 vezes na Ponta do Ouro e uma dessas idas foi justamente durante a passagem do furação Ivan que destruiu a costa Sul de Madagascar e que acabou por  trazer ondas de até 18 pés para a costa sul de Moçambique. 

Já em Inhambane estive por lá 3 vezes e posso garantir que essa área é uma das melhores para surfar de toda a África, com praias cinematográficas e ondas constantes de qualidade internacional.

A melhor época para o surf é de Abril a Setembro, mas sempre tem onda, com menos constância nos meses de verão (dezembro a março).

Arquipélago de Bassaruto

Tofinho

Pomene

Não marque bobeira, a AIDS é uma realidade em toda a África e em Moçambique não é diferente. Segundo as autoridades locais, 51 % da população está infectada.
Não deixe de visitar as Reservas Naturais de Moçambique.

A fauna é BRAVIA sendo normal casos de humanos sendo devorados nas savanas e no mar. Todo o cuidado é pouco.

Tubarões adoram passear pelo litoral Moçambicano e como a maioria dos picos não tem crowd, fique esperto.
Se você estiver em Maputo muito fissurado para surfar, uma boa opção para um bate-volta é o beach break da Macaneta, localizado a cerca de 30 kms ao norte da capital. Acesso relativamente fácil, restaurante e locais para se hospedar ao longo da praia. 
Macaneta é uma praia com fundo de areia, onde quebram ondas de 2 a 6 pés. A formação das ondas varia dependendo do alinhamento do bancos de areia e da intensidade dos ventos. Recebe bem qualquer direção de swell.

Evite viajar a noite e prepare a carteira para "dar um jeitinho" com a Polícia Rodoviária, que adora perturbar os turistas no controle de velocidade.
Lá se dirige do lado contrário, como na África do Sul, por isso preste muita atenção.

A lingua oficial é o português, mas nas províncias,muita gente só fala os dialetos africanos.

Não deixe de experimentar a cerveja moçambicana, a premiada Laurentina e gelada Manica, feita por mestres cervejeiros de Portugal.

No região sul do litoral da Província de Inhanbane está localizada a famosa "Kirra Africana", a direita mais longa de toda África ainda guardada a 7 chaves.

Boa Viagem!

ALBERTO BURGUETE - SURF REPÓRTER

SECTOR NINE/FREESTYLE/PRORIDER

albertoburguete@hotmail.com